Aflição, angústia, medo e, ao mesmo tempo, muita coragem, determinação e amor ao próximo. Esses são alguns sentimentos vivenciados pelos profissionais de saúde no dia a dia de trabalho, especialmente, aqueles que estão na linha de frente do combate contra o Coronavírus.

Para valorizar os colaboradores, a Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA Zona Sul de Macapá) está desenvolvendo a campanha “Conhecendo quem cuida”, uma forma de mostrar à população um pouco da rotina dos profissionais que cuidam das pessoas nesse período tão delicado.

Vitais na linha de frente no combate ao vírus, esses profissionais relatam suas rotinas e temores de serem infectados. São eles, juntos a tantos outros trabalhadores da saúde, que se desdobram para garantir a assistência necessária a quem precisa. E neste momento de medo generalizado, a profissão escolhida por eles não dá margem a recusas. 

Relato dos profissionais

Luciana Lamarão

A técnica de enfermagem da UPA Luciana Lamarão não esconde o receio de ser contagiada, não só pelo Coronavirus, mas também por outras doenças durante o trabalho. Mesmo tomando todos os cuidados e precauções com uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), ela conta que todos os dias é preciso enfrentar os medos e não demonstrar insegurança aos pacientes.

Desde o início da pandemia, Luciana viu sua rotina mudar. Durante as 12 horas em que permanece em seu plantão na Unidade, ela passou a ter um cuidado maior com a autoproteção – teme desde encostar numa bancada contaminada até fazer gestos simples, como se distrair e levar uma das mãos ao rosto. Ao deixar o plantão, o estado de alerta constante só altera de cenário. Chegando em casa, a auxiliar de enfermagem toma banho imediatamente e troca de roupa. Tudo para evitar levar algum tipo de contágio a seus familiares.

Luciana Lamarão trabalha há 22 anos na área da saúde. Começou como auxiliar de enfermagem e hoje atua também como professora de enfermagem. Ela tem orgulho da profissão ao usar a empatia com os pacientes, ou seja, é preciso se colocar no lugar deles, oferecendo um atendimento humanizado.

A técnica de enfermagem pede às pessoas que fiquem em casa. “Não subestimem a gravidade desse vírus. Só procure atendimento médico se necessário e não coloquem em risco seu próximo”, observou.

Silva dos Anjos

Silvana dos Anjos também é técnica de enfermagem que tem uma rotina de trabalho bastante puxada durante o plantão de 12 horas na UPA Zona Sul de Macapá. Ela confessa que tem medo de ser infectada pelo Coronavírus. Para evitar o contágio, ela redobrou os cuidados com o uso de EPIs e, antes de deixar o plantão toma banho e troca de roupa. Ao chegar em casa, repete todo o processo.

Silvana diz que não escolheu a profissão de enfermagem, mas que a enfermagem a escolheu há 6 anos. Inicialmente, ela conta que tinha medo de sangue. Por isso, achava que não tinha perfil para a área da saúde. Porém, quando começou a estudar enfermagem, tudo mudou. “Hoje não me vejo em outra área. Depois da enfermagem, pretendo cursar medicina”, ressaltou.

Ela conta que se sente realizada quando atende um paciente e ele sai bem de saúde da Unidade. “Quando pegamos um prontuário, não estamos pegando um simples papel, mas uma vida. Por isso, o atendimento tem que ser com carinho e humanidade”, salientou.

Durante a pandemia, Silvana tem visto muitas pessoas aplaudindo os profissionais de saúde. “Isso é válido, mas a população precisa nos ajudar ficando em casa. As pessoas precisam se amar mais e amar mais o próximo, cuidando um dos outros”, destacou.

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